quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Deixem viver o borrego

A semana tem sido pródiga em notícias, de onde se destacaram os jogos da selecção, os espasmos do Eusébio, o Relatório e Contas do Sporting e os ecos desse documento.
Apesar destes temas darem pano para mangas, a verdade é que já estou de olho...em Olhão.
É já no próximo Domingo que o Sporting enfrenta mais um teste de fogo à sua capacidade. 
Se os números e a qualidade futebolística têm mostrado um Sporting mais à imagem dos seus pergaminhos, acredito que a maioria dos adeptos (do Sporting ou de outra estirpe) não se esqueceu das últimas tristes e sombrias épocas.
Por isso, são muitos os que contam os minutos para o primeiro desaire do nosso futebol.
No entanto, também o optimismo e, até, alguma euforia, estão do outro lado da barricada, e para esses o céu é o limite.
Mas, se o arranque da época leonina pode ser considerada muito positiva, se atendermos que o empate com o Benfica foi um castigo demasiado pesado para o que se passou em campo, também o início dos algarvios pode servir de aviso.
Depois da derrota inaugural com o europeu Guimarães, o Olhanense acertou o passo e derrotou o ex-Champions Paços de Ferreira e empatou no Funchal, no mesmo estádio onde o quase-campeão Benfica já deixou 3 pontos.
Ou seja, a equipa algarvia bateu-se com algumas das equipas que, no ano transacto, se bateram com o Sporting e, em certa medida, se superiorizaram ao nosso clube.
No entanto, a história dos jogos entre os dois emblemas tem um saldo altamente positiva para as nossas cores.
Olhando só para as contas do campeonato (mesmo que na Taça de Portugal sejamos 100% vitoriosos), os números são contundentes.
Em 38 jogos disputados, o Sporting venceu por 29 vezes, empatou 8 vezes e perdeu apenas um jogo.
Fora de portas, o Sporting venceu 13 jogos e empatou 5, a que se soma a tal derrota referida.
Os números são, de facto, nossos aliados mas, como dizia ainda há dias Paulo Bento, as estatísticas servem para serem confirmadas, pelos que ganham, ou contrariadas, pelos que tradicionalmente perdem.

Apesar do jogo contra a nossa filial nº 4 ser, historicamente, um jogo de boas recordações, eu guardo as piores.

Se Baptista Bastos celebrizou a frase, “Onde estavas no 25 de Abril de 74?”, ao que eu responderia…"na escola", já se me perguntassem “Onde estavas no 8 de Setembro de 74, eu responderia..."estava no Estádio de São Luís, e assisti à única derrota do Sporting com o Olhanense, no primeiro jogo ao vivo que pude ver do meu clube".
Posso considerar-me um verdadeiro pé-frio.
Num jogo à moda antiga, onde deveria ter ficado em casa de rádio colado ao ouvido, foi com enorme satisfação que recebi a notícia que iria ver o Sporting a Faro.
Nessa soalheira tarde de Domingo, lá fui eu com o meu pai e um seu amigo até à capital algarvia, a uns meros 50 km de distância.
Estádio a rebentar pelas costuras, sportinguistas empoleirados até nos paus das bandeiras, para ver um Sporting que tinha vencido tudo na época anterior.
Nesse dia jogou o Damas, o Alhinho, o Manaca, o Baltasar…o Bastos ou o Carlos Pereira, mas o Yazalde não fazia parte das escolhas.
Também não jogaram Dinis e Chico Faria, e estas ausências poderão ter determinado o nosso zero no marcador.
O golo adversário ainda levantou algumas pessoas, mas o mar verde-e- branco teve que regressar a casa cabisbaixo.
A derrota por 1-0 teve que ser digerida, como qualquer outra, mas não foi uma boa estreia. Se quisesse ter sabido porque não jogou o astro argentino teria que esperar pelas notícias do tri-semanário da época, porque por essa altura ainda não tinha instalado a internet em minha casa.
Pior ainda foi passar pelo centro de Olhão, onde centenas de pessoas tinham tomado conta das ruas, com bandeiras rubro-negras agitadas por gente de todas as classes e idades.
Acho que ainda me lembro do bigode de uma senhora que quase enfiou a cabeça no carro onde seguíamos, a gritar…”Ganhámos, ganhámos!!”.
Se eu era pequeno mais pequeno fiquei, e deslizei suavemente no banco de trás do carro, de modo a esconder a “vergonha” e, de certo modo, a furtar-me às evidências.
O regresso a casa valeu pela paragem para degustar um bom marisco, porque a vida não pára, mesmo quando o Sporting perde.
…Tem dias.
Outros há em que pára mesmo.
Hoje, uma publicação desportiva recorda o dia em que o “borrego” algarvio foi morto.
Esta semana vamos de novo a Faro, jogar com o Olhanense.
Desta vez não vou, porque estou a 500 km.
Espero, mesmo na pele de algarvio, que deixem agora viver o borrego que nasceu no day after desse jogo.





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