É relativamente frequente e"normal" a confiança, transformada tantas vezes em prepotência, dos adeptos dos clubes chamados grandes na defesa das suas cores.
Se
já a confiança é inabalável nos jogos entre eles, sendo normal assistir
a prognósticos calamitosos para os adversários, nos jogos contra os
"pequenos" não existe outro espectro senão o da vitória.
A
Taça de Portugal tem a faculdade de cruzar os tubarões do futebol
português com espécies quase desconhecidas ou, numa tendência mais
natural, com peixe miúdo da costa.
Se é pertinente considerar esta competição como a dos pequenos, o certo é que a frequência com que uma equipa de menores créditos a vence é diminuta.
Enquanto o campeonato nacional tem sido dominado, quase na totalidade, pelos 3
do costume, com meteóricas intromissões de Belenenses e Boavista na repartição dos títulos, já a Taça deu a possibilidade a 11 clubes inscreverem o seu nome no palmarés.
Ainda assim, muito pouco para o que é "regra" por essa Europa fora, onde na hora de repartir troféus pelas vitrinas dos clubes, são muito mais democráticos.
Apesar do equilíbrio e dificuldade que os grandes têm com os adversários indiciarem uma melhoria dos clubes de menor valia, o certo é que os últimos anos têm vincado a sua superioridade na hora de erguer a Taça, no Jamor.
Nos últimos 12 anos, o Porto levantou o troféu por 7 vezes , o Sporting por 3 vezes e Benfica uma, sendo que o Setúbal
foi o contemplado com a distracção ou capricho dos sorteios, que
permitiram esta intromissão. Para ser o troféu dos pequenos, muito
pouco, convenhamos.
Se houve quem beneficiasse de ajudas externas, fruto de anos de deboche inimputável, o
certo é que os regulamentos actuais também vêm dar uma ajuda aos mais
fortes, ao permitir que as meias-finais se disputem a duas mãos, o que
pode precaver um qualquer deslize.
Desde
a última sofrida vitória do Sporting, em 2007/08 contra o suspeito do
costume (Porto), que a competição sofreu o tal golpe de misericórdia e
permitiu a este mesmo clube vencer as 3 últimas edições, a P.Ferreira,
Chaves e Guimarães.
Com
as inesperadas eliminações dos outros grandes candidatos à presença no
Estádio Nacional, o Sporting vê uma janela de oportunidade, para
reentrar na senda dos triunfos, não só de uma competição que lhe traz
boas recordações, mas de um hiato que dura desde essa época de 07/08,
com a vitória na Supertaça.
No
entanto, regressando ao início da crónica, a prepotência e mania de
superioridade são vezes sem conta inimigos do bom-senso. Já ouvi e li
imensos comentários sobre os "pastéis de Belém" que muitos dizem que
vamos comer, ao mesmo ritmo que os adeptos encarnados iriam beber
ponchas, mas acabaram a dançar o "bailinho da Madeira".
O
caminho está efectivamente aberto para mais uma presença no Jamor, mas
para chegar à benéfica meia-final a duas mãos, é preciso respeitar os do
Restelo para, aí sim, começar a pensar no Marítimo que, recordemos, já
nos fez dançar este ano em Alvalade. Se tal não acontecer, desperdiçaremos
uma ocasião que geralmente está destinada aos outros grandes, que é a de sermos olhados como os grandes candidatos, perante outsiders.
Estenderam-nos uma passadeira verde, mas temos que saber usar sapatos de
gala, para a pisar.
Sem comentários:
Enviar um comentário